terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quando Deus "demora" fazer um milagre


Mensagem pregada na @IPBonsucesso dia 06/02/2011 e orada no #PRAYERSTATION dia 08/02/2011. Cada ponto da mensagem foi o motivo de nossas orações.

Você já ficou alguma vez decepcionado com algo ou alguém? Imagine a decepção de acabar a energia elétrica bem na hora de ver na TV aquela jogada maravilhosa de futebol ou final da novela; ou acabar o gás enquanto você prepara aquele almoço de domingo para toda a família, parentes e amigos. E pense no desespero de não conseguir entregar o trabalho de conclusão de curso no dia certo porque a tinta da impressora acabou. Pense na frustração de ser esquecido pela carona bem no dia e na hora da entrevista daquele emprego que iria mudar sua vida. Imagine a dor de ser traído, rejeitado e abandonado pelo nosso melhor amigo, namorada ou cônjuge que confiamos tanto. Parece que todos, uma hora ou outra, sofremos algum tipo de decepção. E parece que isso faz parte da vida. Ou tem alguém que nunca sofreu algum tipo de decepção na vida?

Pensando nisso, você já se decepcionou com Deus alguma vez? Você já fez uma oração em pleno desespero, numa situação de extrema urgência e não foi atendido por Deus? Você já se sentiu abandonado por Deus quando mais precisava dele? Você já teve a impressão de que quanto mais ora, mais a situação continua estável e até mesmo piora? Você já teve a sensação de clamar por socorro e não ouvir resposta de Deus? Já se sentiu esquecido por Deus enquanto ora, como um órfão de um pai vivo? Mas será que estaríamos dispostos a aceitar o silêncio de Deus? Você estaria disposto a aceitar que Deus não respondesse, nem agisse na sua vida no momento de mais aflição de sua vida? Você estaria disposto a continuar confiando em Deus, quando a tragédia já lhe atingiu, apesar de ter suplicado tanto a ajuda do Senhor? Você estaria disposto a sofrer as conseqüências do silêncio de Deus quando a dor é insuportável? Talvez a resposta seja um “NÃO”, pois geralmente não andamos por fé, mas pelo que vemos e sentimos. Somado a isso, tem o fato de que nada ou quase nada conhecemos sobre a soberania de Deus. E ainda, não estamos acostumados a depender de alguém que não seja nós mesmos, e logo entramos em desespero.

Diante disso, creio que a incrível história da ressurreição de Lázaro (seu nome significa Deus é o meu socorro) pode nos dar uma resposta para interpretarmos a dor do silêncio de Deus quando ele demora a fazer um milagre na nossa vida, enchendo nosso coração de esperança e paz enquanto perseveramos em oração.

Assim, levanto a tese, baseado em João 11:1-41 de que DEUS SEMPRE AGE NAS NOSSAS VIDAS COM O FIM DE SER GLORIFICADO (Jo 11:4 e 14:13). Quando Deus está “demorando” a socorrer seus amados, ele está dizendo: “No meu tempo e do meu modo, farei grandes obras e milagres na sua vida para a Glória de Deus Pai”. Diante disso, eis algumas importantes lições que Deus nos revela nessa história que podem mudar a sua vida:

A PRIMEIRA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS PERMITE O SOFRIMENTO DE SEUS ADORADORES. O texto bíblico diz: “...Lázaro estava doente... era a mesma que derramara bálsamo perfumado sobre o Senhor e olhe enxugara os pés com os cabelos.” (v.1 e 2). Essa história é mais uma prova de que nem todas as dores da vida são castigos de Deus. Ou seja, Deus permite que o sofrimento também alcance os justos. Vemos nesta história um trio de irmãos que são justos aos olhos de Deus: Lázaro é o amigo amado de Jesus. Maria é a adoradora que ungiu os pés de Jesus. E sua irmã Marta é a seguidora que recebeu Jesus em sua casa. Logo, percebemos uma família que ama, adora e segue Jesus sofrendo a dor da doença, da morte, da perda e do luto. E todo esse sofrimento não pode ser encarado como castigo. Aqui acaba a fórmula que ensina que só quem sofre é quem não segue Jesus. Então, pare de se sentir culpado pensando que está sofrendo por causa do castigo de Deus.

A SEGUNDA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS NUNCA DEIXA DE NOS AMAR MESMO NO SOFRIMENTO. O texto bíblico diz: “Senhor, aquele a quem amas está doente.” (v.3). Então os judeus disseram Vede como o amava” (v.36). Jesus recebe a notícia de que “Está enfermo aquele a quem amas”. E nesta afirmação vemos que Jesus amava Lázaro, mas mesmo assim, Lázaro morreu. Enquanto ficava fraco, doente e gemia de dores era muito amado. Jesus amava a Lázaro sadio, enfermo, morto, ressuscitado, morto outra vez, e unido a Deus de uma vez para sempre na eternidade. E se não tivesse ressuscitado seria menos amado? Ah, não mesmo! Afinal, Jesus mesmo disse que estava fazendo o que fizera, apenas para que os homens cressem, e não para Lázaro se sentir mais amado. Ou seja, a morte de Lázaro não significa que Deus não o ama. O amor de Deus por nós nunca muda nem aumenta nem diminui. O amor de Deus por nós é suficientemente infinito, incondicional e eterno. Assim, nunca se sinta não amado por Deus quando estiver sofrendo as dores da vida. Pois nem mesmo a morte pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 83:9b). Não esqueça: Antes de você nascer, você já era esperado e amado por Jesus, e assim será para sempre.

A TERCEIRA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS É SOBERANAMENTE PONTUAL. O texto bíblico diz: “Mas ao saber que ele adoecera, permaneceu ainda dois dias no lugar onde estava” (v. 6). “..alegro-me por não ter estado lá...” (v.15). “Chegando pois Jesus, viu que Lázaro estava sepultado já havia quatro dias” (v.17). “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido" (v.21 e 32). Jesus escuta o recado: “Está enfermo aquele a quem amas”, mas intrigantemente, Ele ficou ainda 2 dias no lugar onde estava. Ou seja, se pensarmos que a mensagem (oração) levou um dia para chegar a Jesus e outro dia para que o mensageiro voltasse à Judéia, adicionando os dois dias em que Jesus permaneceu no local onde estava, é muito provável que Lázaro estivesse morto quando do recebimento da mensagem. Esses dias somados resultariam os quatro dias mencionados no verso 17. Ou seja, não há mais esperança para um milagre de cura. Mas aqui Jesus revela o jeito soberano de Deus agir. Jesus indica que ele agiria no tempo estabelecido pelo Pai, e não pela urgência do pedido de uma pessoa. Ou seja, Deus age segundo o seu tempo e propósito. A ação de Deus não é manipulada pela necessidade, desespero e emergência. Isso significa que Deus nunca se atrasa e nunca se adianta. Deus não usa o nosso relógio nem nosso calendário para guiar seu tempo e agenda de administração do mundo. Deus não trabalha no nosso tempo. O Novo Testamento nos apresenta o significado de dois tempos: O Cronos (o nosso tempo) e o Kairós (o tempo de Deus agir). O salmo 90:4 nos diz que aos olhos de Deus “mil anos são como o dia de ontem que passou, como a vigília da noite”. E II Pedro 3:8 nos diz que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Em resumo: O tempo de Deus agir é diferente do nosso tempo. Isso desconstrói aquele ditado: “Deus tarda, mas não falha”. Porque Deus nunca demora agir em nossa vida. Também o Kairós de Deus desconstrói a idéia de que nossa oração vai apressar a ação de Deus e manipular seu poder ao nosso favor. Na verdade, quando oramos estamos nos submetendo ao tempo, vontade, propósito e soberania de Deus enquanto dependemos e esperamos confiantemente Nele com fé. Portanto, creia: nunca é tarde demais para Deus fazer um milagre na tua vida. Ele já está agindo. Enquanto há vida, há esperança, e há sempre a possibilidade do milagre. Espere e verás a glória de Deus. Creia: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus...” Salmo 46:1 E 10

A QUARTA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir em nossas vidas é: DEUS DESEJA AMADURECER A NOSSA FÉ ENQUANTO ESPERAMOS NELE. O texto bíblico diz: “Por vossa causa, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos até ele”. (v.15). “Mas alguns disseram: Será que ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter evitado que este homem morresse?” (v.37). “Jesus lhe respondeu: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” (v. 40) "Eu sei que sempre em ouves; mas por causa da multidão que está aqui é que assim falei, para que creiam que me enviaste”. (v.42). “Muitos dentre os judeus que tinha ido visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele”. (v.45) Jesus disse que estava fazendo o que fizera, apenas para que os homens cressem. Jesus demorou a chegar porque estava preparado para fazer um milagre nunca visto pelos seus discípulos, a fim de que este milagre servisse de sinal para revelar a identidade de Jesus como o Filho de Deus (Jo 20:30 e 31). Também imagino que Jesus sabia que Maria e Marta criam nele, mas Jesus queria amadurecer sua fé nele para mostrar maiores obras do que elas já viram. A demora e o silêncio de Deus se propõe fazer o crente romper em fé. Assim não desista de esperar, de crê inteiramente em Deus. Enquanto você espera, o milagre do amadurecimento da fé chega.

A QUINTA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a aparente demora de Deus em agir nas nossas vidas é: DEUS SE IDENTIFICA COM O SEU SOFRIMENTO. O texto bíblico diz: “...Jesus comoveu-se profundamente no espírito e, abalado...Jesus chorou”. (v.33 e 35). “Jesus, comovendo-se profundamente outra vez...” (v.38). Jesus tinha certeza de que a doença de Lázaro não era para a morte, mas para a glória de Deus (v.4). Jesus foi ao encontro de Lázaro para despertá-lo com o milagre da ressurreição (v.11). Jesus também afirma ser ele mesmo a “Ressurreição e a vida” (25, 26). Mesmo Jesus revelando que Deus é soberano e está no controle de toda a situação, mesmo assim, ele se identifica com o seu sofrimento de sentir a dor da tragédia e a desesperança de não ter a sua oração respondida no tempo da possibilidade. Creia: Jesus está sempre sensível, interessado pela tua história e se identifica com a tua dor. Assim posso descansar na soberania de Deus, pois ele se identifica com a minha dor. Aqui aprendemos mais uma evidência concreta da imanência de Deus. Ou seja: “Deus está presente e ativo dentro de sua criação.” Jesus revela o Emanuel, o Deus conosco. Assim, onde está Deus no sofrimento? O que podemos ter certeza é que Deus está conosco em toda a realidade de nossa existência e partilhando de todas as nossas experiências humanas. Diante desse aprendizado, a pergunta se inverte: Onde está minha fé no sofrimento? Ou: Com quem estou no sofrimento? Deus está sempre conosco, mesmo quando nossos sentidos doloridos impedem nossa fé de perceber a presença de Deus. Não precisamos mais procurá-lo aqui ou acolá. Deus está aqui. Esta bem aqui na sua dor. Porque o próprio Deus esteve entre nós e sentiu nossas dores. Temos o Deus que se importa conosco de tal maneira que se tornou homem e morreu para nos dá vida. A cruz é Deus em nosso sofrimento. As dores de Cristo falam que nem mesmo seus discípulos estão isentos das dores deste mundo. A encarnação de Deus não prometeu um mundo sem sofrimento. Isto nos impede de fugir do sofrimento para abraçar a dádiva da dor, como meio de graça, a fim de nos tornarmos mais parecidos com Deus. O teólogo Jürgen Moltmann disse certa vez que: “Deus não se revelou em Jesus para tirar nossas dores, mas para compartilhá-las. Em Jesus, Deus revelou-se nós como um Deus sofredor. Ele entrou em solidariedade com a humanidade”. “Jamais achei que o cristão estaria livre de sofrimento, porque o nosso Senhor sofreu. E cheguei à conclusão que ele sofreu, não para livrar-nos do sofrimento, mas para ensinar-nos a suportar o sofrimento. Pois ele sabia que não há vida sem sofrimento”.

A SEXTA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a aparente demora de Deus em agir nas nossas vidas é: DEUS É A ESPERANÇA QUE NUNCA MORRE. O texto bíblico diz: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto?" (v. 25). "E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora. Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir." (v. 43, 44). Dizem que a esperança é a ultima que morre. Mas um dia ela morre. Diferentemente, Cristo é a esperança que nunca morre, pois ele é que dá a última palavra em tudo. Ele é o especialista em impossibilidades. Ele é a ressurreição. Ele venceu a morte. Esse milagre da ressurreição de Lázaro é o prenúncio da obra da cruz e da ressurreição. Ele é a vida eterna que começa aqui e agora com a vida abundante. Sendo assim, continue crendo que o Deus todo-poderoso é a única esperança de nossa vida. E creia: Deus tem poder de ressuscitar os defuntos espirituais (Ef 2:1) como de ressuscitar famílias sepultadas em suas enfermidades, dramas, dores, perdas, morte, luto e lágrimas. Ele tem poder de gerar fé, esperança, paz, milagres, amor, vida, alegria e glória de Deus até mesmo quando pensamos que Deus está demorado a fazer um milagre em nossa vida.

Talvez você tenha se identificado com Maria e Marta: Clamaram a Deus pedindo socorro, mas Deus resolve, aparentemente, demorar algum tempo para te atender. Ou você se identificou com Lázaro: Talvez você esteja morto espiritualmente em seus projetos de vida, emoções, família, igreja, ministério. Assim, diante de tudo que falamos, temos que aprender e crê que a aparente demora de Deus nos leva a aprender que Deus está sempre atento as orações dos que o amam e as responde para glória de Deus. Deus responde as nossas aflições no tempo, no modo e no propósito determinado por Deus.  A demora e o silêncio de Deus se propõem a fazer o crente romper em fé. E no processo de amadurecimento da nossa fé, Deus se identifica com o nosso sofrimento e assim ele é digno e soberano para receber minha confiança. E nunca esqueça: Só Deus detém o poder de tornar tudo possível.

Creia nisso!

Em Cristo, que revela a glória do amor de Deus ao ser soberanamente pontual nos doando milagres e quando chorou conosco ao sentir as nossas dores de desespero para ser a esperança que nunca morre.

Jairo Filho
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