terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sexo fora do Casamento




 Eis 10 advertências sobre o sexo fora do casamento:

1. Sexo fora do casamento carrega para o relacionamento uma bagagem de mil memórias e fantasias passadas com outros. Disso, surge insegurança, incertezas, desconfiança, ciúme doentio, engano, cobiças, infidelidade, comparações e a insatisfação consigo mesmo(a) e com parceiro(a).

2. Sexo fora do casamento gera o relacionamento do “ficar” juntos sem compromisso. Isso gera encontros episódicos, superficiais e descartáveis em torno da realização egoísta de performances das taras sexuais.

3. Sexo fora do casamento cria aquela ansiosa sensação de que se pode ser abandonado e substituído a qualquer momento pelo parceiro(a). Assim, você sente nojo de si mesmo, desvalorizado, abusado e usado como objeto descartável.

4. Sexo fora do casamento cria a falsa sensação de privação que gera a curiosidade de ter novas experiências, sensações e gostos. E com isso, surge o medo de ser trocado a qualquer momento por outro melhor após uma breve comparação e conclusão de insatisfação. Ou seja, o sexo no casamento evita o surgimento da insaciável expectativa de que o melhor - pessoa, beijo, transa, romance, aventura, paixão, vantagem, lucro - está por vir e que há sempre algo melhor pelo que esperar. Assim, após experimentar o sexo, surge a sensação: “não era bem isso que eu queria. Acho que tem alguém melhor pra mim”.

5. Sexo fora do casamento cria o “sexocentrismo”. Ou seja, cria um relacionamento centralizado no sexo. Para muitos, a falta de uma constante, intensa, viciosa e frenética relação sexual é a prova do surgimento de diálogos superficiais com trocas e chantagens em nome do prazer. Porque o relacionamento de amor é substituído pelo ficar junto até quando houver trocas, vantagens, benefícios, satisfação, atração e sexo. Ou seja, uma vida em torno do sexo diz que sem sexo é impossível ter relacionamento. Meu amigo Marcos Botelho me fez refletir sobre a matemática do sexo. Ele diz que pesquisas revelam que o tempo médio de uma relação sexual no Brasil é de 5 a 7 minutos 3 vezes por semana. Se aumentarmos esse tempo para 15 minutos, 5 vezes por semana, prevendo que você seja um sucesso na cama, teremos essa conta: 15 min X 5 dias = 75 min X 4 semanas = 5 horas por mês. Agora pense: Você terá 5 horas de puro prazer sexual, mas o que você fará nos outros 29 dias e 19 horas do mês com seu parceiro(a)? Vai brigar e trocar de parceiro(a)?

6. Sexo fora do casamento pode transformar o sexo como único e exclusivo tempero da relação ou como instrumento de solução de problemas do casal. A trilha sonora do romance de muitos casais é: “E de dia a gente briga, mas a noite a gente se ama. As nossas diferenças acabam no quarto em cima da cama”. Depois de muitas noitadas de sexo, o casal vai concluir tarde demais que o sexo não é a cura; mas é, nesse caso, apenas uma anestesia rápida que cria um efeito entorpecente instantâneo e ilusório para a solução dos problemas conjugais.

7. Sexo fora do casamento possibilita a formação de lares desestruturados. Pode surgir a gravidez na adolescência, mães solteiras, filhos órfãos, formação familiar sem estabilidade financeira básica, sem residência emancipada dos paise etc.

8. Sexo fora do casamento gera o risco da contaminação de doenças sexualmente transmissíveis. A cada dia mais aumenta o número de pessoas com a vida na promiscuidade sexual, contaminadas com o vírus HIV e doenças venéreas.

9. Sexo fora do casamento fere a alma com paixões relâmpagos. A maioria dos namoros adolescentes não se transforma em casamento, e assim sendo, são rompidos com muita frustração e rapidez. Na adolescência, é fácil confundir atração sexual e paixão com amor verdadeiro e eterno. Após terem uma relação sexual, o casal experimenta uma super intimidade que logo mais vai ser rompida pela conclusão de que tudo não passou de uma paixão passageira ou que nunca houve amor verdadeiro. Disso, surge a sensação de que o corpo e coração foram usados e abusados como objetos de desejo, num romance casual e passageiro na realização egoísta de fantasias eróticas.

10. Sexo fora do casamento resume o sexo somente à penetração, a libido e instinto animal. A mentalidade pós-moderna tem banalizado, bestializado e desumanizado o sexo como uma relação apenas genitália-genitália divorciada do coração. A glamourização da mídia nas relações sexuais ilícitas como adultério, prostituição, fornicação, pornografia, pedofilia, homosexualismo, sadomasoquismo, vouyerismo, ninfetismo, orgias, incesto, sexo com animais, cadáveres e objetos tem distorcido o sexo como criação abençoada de Deus.

Sabemos que há advertências sobre o sexo fora do casamento. Mas, chega uma hora que um bom psicólogo resolve os traumas, os educadores abandonam as cobranças dos erros, a religiosidade larga as pedras da condenação, os valores morais são relativizados, os pais abandonam a vigilância, as histórias de amor incentivam paixões arrebatadoras, a própria família constrói ninhos de amor debaixo do próprio teto para seus filhos transarem protegidos, a filosofia de vida de nossa sociedade pós-moderna ensina a viver o carpe diem nas relações sexuais na busca pela felicidade custe o que custar e a ciência moderna veste de camisinha a saúde de nossa geração libertando-a para a promiscuidade sexual de relações carnavalescas e descartáveis. Com isso, são abortados os medos, as culpas, as condenações, as vigilâncias e os traumas que são usados como as únicas motivações para impedir o sexo fora do casamento.  E assim, nossa geração vai parindo libertinagem, promiscuidade e prostituição despida de consciência, caráter, sanidade, santidade e verdadeiro sentido de vida. 

Por isso, essa mentalidade libertina relativizada moralmente pela sociedade pós-moderna está tão impreguinada no sexo de nossa geração que estas 10 advertências citadas acima são motivos de chacota ou taxadas de legalismo religioso. 

Assim, creio cada vez mais que a maior motivação para não fazer sexo fora do casamento é a conversão do coração à Deus diariamente expressa em obediência a Deus por amor quando olhamos para a cruz e guardamos os seus mandamentos porque o amamos (Jo 14:21, 23, 24). E o amor gera dois princípios em nossa consciência: Primeiro, o sexo no casamento é para glorificar a santidade de Deus. Segundo, o sexo no casamento é criação de Deus para nossa felicidade. Pois fomos criados para o sexo por amor no casamento que expressa nossa santidade em glorificar a Deus. Quem extrapola esses princípios de vida, simplesmente, morre infeliz, pois está sem Deus e se desumanisa se tornando mais parecido com uma besta fera desfigurada do que com o ser humano regenerado na cruz de Cristo.

Assim, pense nisso e tenha cuidado.
 

Sexo seguro é somente no casamento por amor.
 

Sexo é casamento.
 

Em Cristo, que aprovou e definiu o sexo no casamento
 

Jairo Filho

A banda do bando de Jesus

 Prezado Senhor Nazareno,

Obrigado por enviar-nos o “curriculum vitae”, o “histórico escolar e familiar” e o resultado do “teste psicoténico” dos 12 candidatos a componentes da BANDA DO MESSIAS. Depois de uma investigação minunciosa, segundo os padrões de sucesso do mercado gospel, informamos que este bando de candidatos está absolutamente inapto a tocar no som do céu para o Cristo.

Nossos testes ofereceram os seguintes resultados: O vocalista principal SIMÃO PEDRO é emocionalmente instável e sujeito às explosões intempestivas de um temperamento descontroladamente colérico. Quando pressionado, nega que é músico da banda que faz parte para aceitar propostas de produtoras musicais de todo mundo. É extremamente curioso, pragmático, impaciente, ativista, incrédulo, covarde, atrevido, não tem vocação musical nem sabe trabalhar em equipe.

Os dois irmãos backing vocal, TIAGO e JOÃO, são egoístas a ponto de colocarem sempre interesse de fama, sucesso e poder acima da lealdade e serviço a banda. Sempre faltam aos ensaios para buscarem a glória para si. E nem se importam com o restante da banda. Além disso, o violonista André não tem nenhuma qualidade de liderança, pois falta muito iniciativa de sua parte para empreender composições musicais e turnês para a banda.

TOMÉ, sempre está para baixo com seu baixo de 6 cordas. Demonstra pessimismo, dúvida, incredulidade, incerteza que contagia e abala sempre o restante da banda. E não faz nenhum esforço para acreditar na banda, uma vez que só acredita que a banda pode lançar um CD quando seus ouvidos escutarem as músicas gravadas no CD.

MATEUS, o baterista, é um consumista de primeira. Ele tem extrema dificuldade em administrar suas finanças, a tal ponto que está com seu nome no SPC. Além disso, soubemos que ele se corrompe facilmente por um punhado de adulação e dinheiro. E é muito mal falado na cidade pelos religiosos. Assim, fica difícil colocar ele na banda e na capa do CD. Ele está sendo caçado por corrupção no banco que trabalhava.

TIAGO, filho de Alfeu, e também TADEU, que são os guitarristas, tem definitivamente inclinações racistas radicais e ambos atingiram uma marca elevada na escala maníaco-depressíva. Gostam de ficar no quarto ouvindo músicas melancólicas e sempre estão andando na periferia da banda. Se entrarem para a banda, poderão faltar a ensaios e shows por causa de uma depressãozinha de nada ou por preconceito com relação ao público que poderão se apresentar. Com certeza o astral da banda vai ser abalado com a chegada deles.

Em relação aos OUTROS candidatos, não sabemos muito acerca deles. Eles são como um zero a esquerda, se escondem no anonimato, fogem dos holofotes da mídia, não tem nenhuma informação de destaque em seu currículum e não sabemos nada de suas origens familiares; enfim, quase ninguém os conhece. Assim, é prudente não aceitar desconhecidos na banda.

Mas, existe um único candidato que, ao nosso ver, tem condições de entrar para a banda do bando de Jesus. Ele é um músico extremamente capacitado. Ele tem muito contato com políticos, líderes religiosos, celebridades, agentes publicitários, diretores de TV e gravadoras famosas. Além disso, ele tem um gênio político muito forte, sabe se relacionar bem com todas as crenças, conserva um espírito empreendedor, e é um ambicioso de mão cheia. O nome dele é JUDAS. Ele é o único que poderia ser da banda do Messias. Contrate-o. Ele é um bom negócio e um ótimo investimento.

Agradecidos pela atenção,
Consultoria de Recursos Humanos Gospel da Judéia.


Será que Jesus aceitaria uma consultoria como essa? 

Pense nisso!

Em Cristo, que não vê a aparência da cara, mas a transparência do coração para transformá-lo.

Jairo Filho

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Só o Filho interpreta o rosto do Pai


 "Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a idéia de se tratar de uma pessoa inflexível, antipática, que não permitia intimidade.
Nesse momento, chegou um rapaz, viu a fotografia e exclamou: "É meu pai!"
 Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia, comentaram: "Pai severo, hein!"
 Ele respondeu: "Não! Não é não! Ele é muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal, na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!"
Todos olharam de novo e disseram: "Que fotografia simpática!"
Como por um milagre, ela se iluminou e tomou um outro aspecto. Aquele rosto tão severo adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho mudaram tudo, sem mudar nada!
As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, mudaram o sentido do Primeiro Testamento (Mt 5,17-18). O Deus, que parecia tão distante e severo, a ponto de o povo não ter mais coragem de pronunciar o seu nome, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!"[1]

Quando lemos as Escrituras e nos relacionamos com Deus, podemos perceber que só o filho interpreta corretamente o rosto do Pai e sua vontade. Por isso, leia a Bíblia e veja o rosto de Deus por meio dos olhos de Jesus. Você só consegue a chave hermenêutica da Bíblia quando conhece Jesus. A menos que você conheça a Jesus, ler a Bíblia é como andar numa galeria de pintura com as luzes apagadas. Quando Jesus veio ao mundo, Ele completou o quadro, acendeu as luzes e encarnou toda obra de arte.

Assim, olhe para o Filho e veja o Pai. Olhe para o Filho e veja o ser humano como Deus pretendeu que fôssemos.  Olhe para Deus com o olhar do Filho e seja o filho semelhante ao Filho que chama Deus de Pai.


Pense nisso!


Em Cristo, o rosto de Deus


Jairo Filho

domingo, 29 de agosto de 2010

A grande omissão


Era uma vez uma ilha paradisíaca rodeada por um mar bravo e perigoso; habitada por uma vila de pescadores.

Conta-se que estes pescadores eram bons trabalhadores, amigos uns dos outros, conservavam um caráter impecável, valorizavam e preservavam a natureza e a vida em comunidade.

Tudo corria muito normal, até que em um dia pacato, surge uma notícia urgente que abalou a rotina dos pescadores:

- "Aconteceu um naufrágio! Aconteceu um naufrágio! Tem muita gente ferida se afogando. Vamos ajudá-los". Gritou um pescador desesperado.

Sem pestanejar, todos os pescadores unidos foram ajudar os sobreviventes daquele terrível naufrágio engolidos pelo mar bravo daquela ilha.

No fim das contas, aqueles simples nativos se transformaram em heróis ao pescarem os feridos e afogados com muito sucesso. Após esse salvamento, os pescadores reconheceram que sua missão na vida era de resgatar náufragos daquele mar perigoso.

Então, os pescadores se reuniram e resolveram se preparar e se organizar melhor para um outro possível naufrágio.

E foi isto mesmo que aconteceu: um outro naufrágio apareceu. E os pescadores, agora de plantão, preparados e organizados, se lançam ao mar para pescar as pessoas engolidas pelas ondas. Com muito mais rapidez e eficiência, o resgate é feito com muito mais sucesso do que o anterior. E esse resultado contagia todos os pescadores com muita alegria, pois confirma mais ainda a missão que eles receberam da vida.

Animados com o sucesso dos resgates que fizeram, os pescadores decidem construir uma casa que servirá de pronto socorro e escola para treinar novos pescadores salva-vidas. E assim, eles fazem uma arrecadação mensal para cobrir as despesas da construção e manutenção dessa casa de salvação.

Depois de algum tempo, a casa de salvação está pronta. Chega o dia da inauguração. Quando todos estavam apostos para cortar a faixa inaugural, surge, de repente, a notícia de mais um naufrágio.

O desespero e a indecisão tomam conta de todos. O desespero pela emergência do resgate e a indecisão para saber se continuam ou não com a inauguração. Diante desse impasse, uns decidem continuar a tão esperada inauguração para depois fazer o resgate. E assim, demoram tanto para entrarem no mar que a salvação dos náufragos não tem o mesmo sucesso que as anteriores. Apesar do resgate ter sido feito, alguns náufragos chegam à praia com muitos ferimentos graves, e, como conseqüência da demora do resgate, morrem agonizando de dor nas areias da ilha.

Esse episódio comove muitos pescadores. Como conseqüência disso, é feita uma reunião para apurar os culpados pela omissão do resgate.

Após a apuração dos fatos, bem no fim da reunião, fica decidido sobre a necessidade de eleger uma diretoria da missão dos pescadores para tomar as medidas cabíveis diante de importantes decisões.

Para a felicidade de todos, no outro dia, os pescadores se reúnem mais uma vez para a eleição da diretoria da missão. E no fim desse mesmo dia, a diretoria é eleita com uma grande festa numa balada que dura a noite inteira.

Como parte do primeiro mandato, o presidente da missão e toda a diretoria fazem um novo programa de treinamento e capacitação para novos pescadores. Eles promovem conferências e congressos, criam mais departamentos de finanças, reformam a casa da salvação construindo mais salas, gastam muito dinheiro comprando ar-condicionado, mesas e cadeiras confortáveis, computadores sofisticados de ultima geração, muito material supérfulo para escritório, gastam muito tempo em reuniões criando um regimento interno complexo e legalista, e promovem mensalmente festas comemorativas de confraternização dos funcionários.

Certo dia, em uma determinada reunião burocrática da instituição, os pescadores-executivos receberam mais uma notícia de um naufrágio. Quando souberam do naufrágio, a diretoria decidiu que seria muito arriscado entrar no mar naquela hora. O secretário de obras tomou a palavra e se desculpou dizendo que a casa da salvação estava muito limpa e organizada e as pessoas feridas iriam sujar tudo. Se a casa da salvação receber gente imunda vai acabar com os planos de fazer uma nova plástica e lipo nas paredes novas da casa. O escrivão se justificou dizendo que era necessário ter ordem no processo de entrada dos náufragos na vila; e, naquele momento, já tinha passado seu expediente de trabalho.

Além disso, enquanto acontecia o naufrágio, toda a equipe de resgate estava dispersa ocupada no vício do ócio burocrático das desculpas. Os profissionais de saúde estavam de braços cruzados se preparando para a festa de logo mais a noite. Os salva-vidas estavam fazendo natação e musculação a fim de aprimorar seus músculos no espelho narcisista. Os pilotos dos barcos estavam brincando de desmontar o motor do barco, enquanto os motoristas das ambulâncias estavam no lava-jato numa competição de limpeza. Os alunos do treinamento de salva-vidas estavam na biblioteca fazendo uma pesquisa para a sua tese de final de curso. E os demais voluntários do resgate estavam desocupados experimentando a melhor fantasia para a festa de logo mais.

Enfim, a história termina com o mais trágico naufrágio de todos os tempos. Os feridos que conseguiram chegar à praia morreram agonizando de dor à espera de socorro. No fim de tudo, ninguém sobreviveu.

Aqueles simples pescadores, amantes do mar e da vida, trocaram o barco, os remos e as redes, pela burocracia dos papéis inúteis da institucionalização.

A casa da salvação se transformou na casa da omissão.

Qualquer semelhança com a igreja evangélica não é mera coincidência.

Em Cristo, que resgatou homens pecadores para torná-los pescadores de homens.

Jairo Filho.

sábado, 28 de agosto de 2010

O autor do livro

Uma moça ganhou um livro. Ao ler as primeias páginas, não gostou, e imediatamente engavetou.

Certo dia, ela conhece um rapaz e se apaixona por ele. Numa determinado encontro, o rapaz, demonstrando a reciprocidade do amor entre ambos, presenteia a moça com um livro de sua autoria. Ao receber o livro de presente, a moça lê imediatamente o livro todo com muito interesse, porque estava muito apaixonada pelo autor do livro.

Quando a moça acabou de ler, foi guardar o livro na mesma gaveta que estava guardado aquele primeiro livro desinteressante, esquecido e empoeirado. E para sua surpresa, ela viu que o primeiro livro era o mesmo livro que ela tinha acabado de ler com muita paixão e interesse.

Quando conheçemos e estamos apaixoandos pelo autor do livro, a leitura fica mais interessante e as palavras do livro se tornam uma poesia amorosa que encontram morada no nosso coração.

Conheça e ame Jesus, o autor da Bíblia. E assim, a leitura bíblica encontrará mais sentido para o teu coração.

Em Cristo, o autor do livro da vida que se fez carne e habitou entre nós

Jairo Filho

Espiritualidade (des)encarnada

 Certa vez, um pastor estava tão concentrado, orando e preparando estudos bíblicos para a igreja, que não escutou seu filho pequeno chorar no quarto ao lado. Mas o avô ouviu, desceu as escadas, pegou o bebê no colo e ninou-o até que voltasse a dormir.

Então, o avô aproximou-se de seu filho pastor, ainda imerso nos livros, e perguntou: - Meu filho, o que você está fazendo?

O Pastor responde: - Pai, estou meditando nas Escrituras e preparando estudos bíblicos.

O avô sabiamente respondeu: - Não sei o que você está estudando, mas se o deixa surdo ao choro de uma criança, não é a Bíblia que você lê e estuda.

Viver a vida da cristã é ouvir o lamento silente dos aflitos, solitários, marginalizados, pobres, doentes, impotentes - e responder com a compaixão que gera a ação do socorro.

Isso nos faz cantar o que o João Alexandre lamentou na música "Em Nome da Justiça": "Enquanto se canta e se dança de olhos fechados, tem gente morrendo de fome por todos os lados. O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive, não. Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive".

Assim, vale repensar: A experiência espiritual dos estudos teológicos e o trabalho ministerial devem ser feitos de joelhos diante do Pai nosso que está nos céus, com olhos abertos para a vida real, com os ouvidos atentos para ouvir o clamor do próximo, com a mão estendida para servir os necessitados, e com todo corpo encarnado nesse mundo.

Em Cristo, que encarnou-se entre nós para priorizar as pessoas na sua agenda ministerial.

Jairo Filho

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Fé demais fede mais


Toda fé religiosa tem o poder de nos conduzir a práticas muito distantes do comportamento de fé de Jesus. Neste sentido quero falar hoje que toda fé religiosa tenta reduzir Deus exclusivamente a um grande poder impessoal numa relação de contrato utilitarista.

Muitas vezes a fé religiosa “cristã” é equivalente a religiões afro-brasileiras. Exemplo: imagine um casal em processo de divórcio. A mulher tem um amante e quer se livrar do marido. E o marido quer a esposa de volta custe o que custar. Os dois procuram separadamente um cara que se diz “pastor” e um pai de santo para que possam realizar seus desejos. Tanto o “pastor” como o pai de santo fazem um contrato utilitarista de fé: faça um sacrifício para a divindade escolhida para receber o milagre isento de juízo de valor. Cada um faz o sacrifício no templo cristão entregando o dízimo e também faz o sacrifício numa encruzilhada com um despacho de macumba. Nestes dois casos, a fé é usada exclusivamente como instrumentalização e manipulação do poder divino. Tanto um pastor como um pai de santo podem, muitas vezes, “amarra” uma união amorosa, bem como desfazê-la, sem fazer juízo moral de valores. Eles são pagos pelo casal por seus serviços religiosos sem consultar a vontade moral de suas divindades. Assim, o pedido do casal e o serviço dos líderes religiosos demonstram a busca do poder divino solicitado independente da vontade de Deus.

Será que esse tipo de fé, que reduz Deus apenas a um grande poder impessoal, foi ensinada, usada e aprovada por Jesus? Jesus diria que isso é a fé idólatra, pois reduz Deus a categoria de “mais um deus” quando o relacionamento com Deus é reduzido a experimentar o poder de Deus sem consultar sua vontade sobre nossas vidas. Isso é atribuir a Deus um poder neutro, e, portanto, despersonalizá-lo de sua soberana e santa vontade moral sobre nós. Esta é a fé demais, além da justa medida de Jesus, e, portanto, é fora e extra-ordem do padrão bíblico. Jesus ensinou a orar pedindo que “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade (e não a minha), assim na terra como no céu”. (Mt 6:10). Jesus revela que Deus é pessoalmente santo e tem sua santa vontade absoluta estabelecida em sua Palavra para nós.

Outro exemplo de fé religiosa que busca exclusivamente o poder impessoal de Deus é o caso de um dos criminosos crucificados ao lado de Jesus. Ele queria a salvação sem o salvador quando insultava Jesus, dizendo: “Você não é o Cristo? Salve-se a se mesmo e a nós!” (Lc 23:39). Enfim, este queria a salvação (sair da cruz), mas não o Salvador e Senhor Jesus (que veio para morrer por nós na cruz para nossa salvação e ser Senhor de nossas vidas).

Em resumo, toda fé religiosa é idólatra porque busca somente os milagres, benção e poder de Deus sem o caráter da pessoa de Deus de milagres, benção e poder. A fé religiosa adora o poder divorciado da pessoa de Deus. A fé de Jesus busca formar discípulos que tem o caráter de Deus. Assim, a fé religiosa fede mais porque é fé demais. Fé demais porque é além da fé de e em Jesus! E fede mais porque é refugo (Fp 3:8) da religiosidade.

Pense nisso!

Jairo Filho

Publicidade espiritual

Texto do comercial

Por quê?
Se não há medalhas, nem troféus.
Se não tem torcida, aplausos, nem hinos de vitória
Só o silêncio.

Por que, então?
Se não há dinheiro, nem contratos.
Se não tem flashs, câmeras, nem pódiuns, nem glórias.
Talvez, só uma luz.

Onde estão as pistas, os campos, as quadras, os estádios
Onde estão os adversários, os rivais
Onde está o tempo?

Inspire-se

E o limite, onde está o limite?


Este comercial mostra esportistas amadores e anônimos acordando cedo para praticar esportes como atletismo, musculação, vôlei, entre outros. As personagens do filme correm por ruas com paralepípedos, escadas de edifícios e praias, faça chuva ou faça sol. A propaganda registra cenários vazios de público e publicidade; ambientes despidos de aplausos, prêmios e recompensas; e lugares inadequados para a prática profissional do esporte. Enquanto a cena mostra anônimos suando, o locutor questiona: “Onde estão as medalhas, os troféus, a torcida, o dinheiro, os contratos, os aplausos, as glórias, os flashes, as câmeras e os pódios?”. Além disso, as cenas mostram que os amadores praticam seus esportes sem comparações, adversários e nem competição.

Além da publicidade do tênis, posso perceber que a propaganda mostra esportistas anônimos, comuns que amam incondicionalmente o esporte. Praticam o esporte pelo esporte. Praticam esporte para cultivar a própria saúde. Praticam esporte sem a ambição da glória das câmeras, fotos e holofotes da mídia. Praticam esporte sem comparações nem competições. Praticam esporte sem desejar os pódiuns, sem a ambição pelas glórias das medalhas olimpímpicas. Praticam o esporte por amor. Esta é a motivação da prática esportiva.

Vendo assim, essa propaganda é uma ilustração que me conduz a entender melhor a advertência de Jesus contra a publicidade espiritual. Jesus adverte: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste”. (Mt 6:1). As obras de justiça citadas por Jesus são: esmola (Mt 6:2-4); oração (Mt 5-8) e jejum (MT 6:16-18). Ele adverte não contra essas práticas espirituais; mas sim, contra às mais íntimas motivações e intenções do coração de quem doa esmolas, ora e jejua.

Jesus expõe a motivação dos que doam esmolas quando diz que eles propagam sua caridade tocando trombeta diante de todos. Doam com o microfone na mão, gritando em alto-falante a lista de suas boas obras, divulgando em carro de som, rádio, outdorr para serem glorificados pelos homens. Aqueles que fazem publicidade de suas orações procuram lugares de honra e destaque nas sinagogas ou em praça pública, para serem vistos dos homens apenas nos palcos da performance religiosa. E quem publica seu jejum desfigura o rosto com o fim de parecer aos homens que estão em alto nível de arrebatamento espiritual. Estes publicitários de sua justiça própria são chamados de hipócritas pois fabricam e preservam uma reputação social extremamente diferente do que há no caráter de seu coração. Na verdade, Jesus está dizendo que eles doam esmolas para serem aplaudidos e aclamados como bondosos, oram para serem glorificados pela sua egolatria, jejuam para serem mais espirituais do que os outros. Enfim: Eles praticam sua espiritualidade ego-látrica para aparecerem na mídia religiosa, receberem a fama do público e subirem no pódiun dos recordistas mais espirituais de todos.

Jesus faz outro tipo de propaganda da espiritualidade aprovada por Deus: Ele nos ensina a dar esmola em secreto, orar dentro do quarto, jejuar sem ostentar. Jesus joga fora a ambição ímpia de chamar atenção do público religioso para si mesmo a fim de dizer que o única e exclusiva platéia que vê em secreto os nossos exercícios espirituais é Deus – o público de uma só pessoa. Assim, somos ensinados que nós devemos dar esmolas, orar e jejuar por amor a Deus e por amor a nossa saúde espiritual.

Quem é você quando ninguém está olhando? Você seria capaz de dar esmola, orar e jejuar sem público ou recompensas? Você seria capaz de amar a Deus desinteressadamente? Você seria capaz de obedecer a Deus por nada, sem trocas ou barganhas?

Seja um atleta amador. Seja um discípulo amador e anônimo. Exercite-se espiritualmente por amor. Que haja sanidade e santidade na sua espiritualidade. Ajude os necessitados, ore, jejue para glorificar exclusivamente a Deus. Pois no Reino de Deus não há mídia, comparações nem pódiuns.

Inspire-se!

Em Cristo, que é a nossa verdadeira motivação para doar esmolas, orar e jejuar sem fazer publicidade espiritual.

Jairo Filho

Do útero à sepultura e da sepultura ao útero


Todos nós temos uma grande certeza na vida: Nascemos de um lugar escuro - o útero materno - em meio a lágrimas e sangue; e, qualquer dia desses, nós morreremos e iremos para um outro lugar escuro - a sepultura - também em meio a lágrimas e sangue. O intervalo entre o útero e a sepultura é o espaço-temporal da história de nossas vidas. Olhando desse jeito para nossa existência efêmera, não podemos impedir chegar às perguntas: Por que vivemos? Qual o sentido para acordar e viver todos os dias? Nossa alma precisa saber o sentido de viver nesse mundo para continuar vivendo. Será que você está buscando uma razão maior para viver? Como vivemos do útero à sepultura?

Parece que a existência da grande maioria de nós é igualmente cíclica. Para muitos, o sentido da vida se resume num ciclo de nascimento, brincadeiras na infância, estudo, trabalho, namoro, casamento, filhos, família e morte. Outros seguem um estilo de vida parecido: comem, bebem, trabalham, fazem muitos amigos, buscam eventuais sensações de prazer, ficam realizados; e, no fim, tudo se acaba. Outros, mais idealistas, encontram o sentido da vida no ciclo insaciável de sonhar, planejar, lutar e realizar. Depois de realizar o que sonharam se encontram com o sentimento de que “não era bem isso que eu queria” ou “já realizei. E agora? O que eu faço mais pra continuar vivendo?” Oscar Wilde tinha razão quando afirmou que “neste mundo só há duas tragédias – uma é não conseguir o que se quer, a outra é conseguir”. Este é o retrato da insaciavel alma humana. Será que a vida se resume nas expectativas desses ciclos? Ou será que a vida tem algo mais?

Andando pela vida, percebemos pessoas que vivem apenas a rotina de uma mesma sucessão de dias sem destino nem propósito. São vidas vazias, enfadonhas, depressivas que trabalham arduamente durante a semana, ansiosas pela chegada do fim de semana ou feriados para gastar o que ganharam no trabalho curtindo picos de prazeres momentâneos. O pior é que a frustração e a insatisfação chegam em noites mal dormidas do domingo, porque nenhuma aventura alucinante tão esperada aconteceu, ou porque o que aconteceu não era bem aquilo que queria que acontecesse. E quando a semana começa, com ela vem mais uma expectativa para um novo fim de semana. Para estes, o propósito da vida se resume nas aventuras e realizações dos prazerosos fins de semana da vida. Para esse tipo de gente, a vida é infeliz não porque derramam lágrimas sem cessar, mas porque buscam anestesiar a dor do vazio existencial tentando satisfazer suas vidas com prazeres insaciáveis. Essas pessoas usam a máscara da alegria no grande público durante a semana, mas quando se encontram sozinhas em sua privacidade tem que admitir que tudo o o que vivem não passa de dramatização e ilusão.

É importante notar que o hedonismo curtido nos fins de semana da vida nos aliena da luta por justiça social, afasta para bem longe a idéia da doença e da morte, nos dá a impressão de que somos super homens com vida eterna aqui na terra, resume a vida numa constante celebração do funeral dos sonhos e do sentido da vida e nos traz a idéia de que estamos sozinhos e abandonados aos caprichos do destino sem nenhuma intervenção divina. A paixão narcisita pelo próprio corpo sarado e emplastificado, as baladas de fim de semana, o sexo superficial e descartável, o consumo de drogas, o vício da auto realização e bem estar, o ateísmo e o sincretismo religioso, e ainda, o consumismo capitalista nos oferecem essa impressão. Quanto mais malham e emplastificam o corpo, mais ficam insatisfeitos com o próprio corpo. Quanto mais festejam a vida, mais se enterram numa depressão existencial. Quanto mais orgasmos sentem, mais sozinhos e carentes de coração vivem. Quanto mais adrenalina e endorfina experimentam, mais ficam viciados numa droga de vida. Quanto mais céticos e religiosos são, mais certeza tem de que sua peregrinação existencial e espiritual caminha perdida e cheia de dúvidas, medo, culpa e preconceito. Quanto mais sonham, realizam e compram, mais insatisfeitos, pobres e vazios ficam. E a sensação que se tem é que do útero à sepultura tudo é inútil e em vão. É como nascer para correr atrás do vento e morrer de mãos e corações vazios. Mas será que a vida se resume a isso, ou existe um outro estilo de vida com sentido?

A Palavra de Deus, revelada nas sagradas escrituras judáico-cristã, intrepreta essa vida enfadonha, depressiva, inútil, hedonista e sem Deus como conseqüência da culpa do pecado do homem que o separou de Deus (Romanos 3.23). É por isso que do útero a sepultura a vida é sem sentido, vazia e sem destino certo. As pessoas sem Deus vivem seu estilo de vida como rebelião contra Deus, vivem uma inimizade contra Deus (Colossenses 1. 21 e Efésios 4.17), sentem um prazer ímpio de desobedecer a vontade de Deus (Romanos 1. 29-32) e, como conseqüência, andam pela vida mortas e enterradas na sepultura de seu próprio pecado (Efésios 2.1). O homem cometeu um suicídio existencial quando decidiu viver independente de Deus (Romanos 6.23.). Porque fomos criados por Deus para viver em Deus e não sem Deus. Por isso que não há vida sem Deus. Quando o homem decide viver sem ter um relacionamento com Deus, ele se perde na sua própria existência e morre sem Deus, vivendo do últero a seputura uma vida mesquinha, sem sentido, sem esperança e sem vida.

Mas a Palavra de Deus tambem nos apresenta Jesus Cristo como a único sentido para vida, sendo ele a nossa nova vida (Filipenses 1.21) e a nossa única esperança para viver aqui e agora e lá e além por toda eternidade. Quando lemos a Biblia, encontramos a boa notícia do favor imerecido de Deus que nos ressuscita da sepultura de nossos pecados (Efésios 2.4-6) e nos faz uma nova criação (I Coríntios 5.17). Ou seja, a cruz de Cristo é a prova do amor de Deus pelos pecadores (Romanos 5.8) como ato de reconciliação (Colossenses 1.22 e Romanos 5.10 e 11), perdão dos pecados (Romanos 5.1), salvação eterna e novo estilo de vida de obediência por meio de Cristo. Quando chegamos ao pé da cruz de Cristo, nosso coração é convertido pela graça de Deus, através da fé em Jesus e arrependimento dos nossos pecados. Pela fé, Jesus Cristo passa a ser reconhecido como único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. A partir dessa entrega, caminhamos para um novo estilo de vida onde valorizamos um relacionamento íntimo de amor com Deus por meio de Jesus Cristo, obedecemos a Deus de coração, recebemos a nova vida em Cristo por meio da fé, encontramos sentido e propósito para viver por Cristo e em Cristo (I Coríntios 5.14, 15), recebemos segurança de vida eterna com Deus (João 3.16), e recebemos a missão de viver a vida de Jesus entre as pessoas que convivemos (Atos 1.8). Assim, um relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo é o único jeito de viver capaz de preencher o vazio do coração daqueles que vivem nessa enfadonha sucessão de dias sem sentido nem propósito.

Quando Jesus entra em nosso coração, sentimos arrependimento pelos nossos pecados. Ou seja, o arrependimento provoca em nós uma mudança de mente, uma expansão de consciência, uma redefinição de nossos valores e prioridades, uma visão de mundo pela perspectiva de Deus, novos sentimentos, desejos, vontades, disposição, atitudes e comportamentos, uma mudança e abandono da rota do pecado para dar um giro de 180º em direção ao caminho da vida com Deus. E essa transformação do ser acontece por um processo gradual e continuo pela resto da vida na formação do caráter de Cristo em nós. Ou seja, de uma vida que valoriza a estética de um corpo sarado, em Cristo, passamos a valorizar o caráter das pessoas. De uma cosmovisão que busca exclusivamente realização individual, em Cristo, passamos a buscar justiça social. De múltiplos orgasmos pornográficos, superficiais e descartáveis, em Cristo, passamos a fazer sexo no casamento com amor e fidelidade. De corpos viciados em plásticas, regimes e na tirania da estética da moda, em Cristo, passamos a desfrutar da beleza do amor de Deus e da vida simples com as pessoas que amamos. De um consumismo desenfreado, em Cristo, passamos a viver contentes e satisfeitos em toda e qualquer situação (Filipenses 4.11-13), porque Deus é o nosso bem maior. De uma vida alienada e anestesiada pelo êxtase dos entretenimentos e hedonismos dos fins de semana da vida como fuga da realidade, em Cristo, passamos a desfrutar de todos os momentos rotineiros de nossa vida com sentido, saboreando cada detalhe da vida em pedaços deliciosos de se viver um banquete com Deus, mesmo estando no vale da sombra da morte (Salmo 23). De uma vida enterrada no vício de uma vida de droga e de uma droga de vida, em Cristo, passamos a viver libertos pela verdade (João 8.32) de uma vida em abundância (João 10.10b) da presença do amor de Deus. E de uma vida deprimida no tédio ocioso existencial, em Cristo, passamos a ter o propósito de viver em prol do Reino de Deus a serviço das pessoas. Essa é a nova vida que Deus nos oferece, em Cristo, que nos resgata da sepultura do pecado para renascer do útero de Deus.

Deus te chama da sepultura do pecado para renascer no útero de Deus. Somente em Cristo, rebemos a nova vida de desfrutar de um relacionamento íntimo de amor com Deus. Assim, se você quer se encontrar consigo mesmo, viver contente em todas as situações e circunstâncias reais da vida, encontrar o sentido de acordar todos os dias, acorde antes para encontrar o lugar do relacionamento de Deus na sua vida antes que seja tarde demais. Saia do sepultura do pecado e venha renascer do útero de Deus pela fé em Jesus Cristo. E seja perdoado para desfrutar da amizade de Jesus Cristo e viver a vida em abundância de obediência a santa vontade de Deus.

Em Cristo, o sentido da nossa vida

Jairo Filho - (Escrito na primavera de 2006)

Os evangelhos da religião e o evangelho nos evangelhos


Jesus disse no sermão do monte: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da Lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus.” (Mt 5:17-20)

Ao ler este ensinamento de Jesus dentro do sermão do monte percebemos a diferença que Jesus faz entre religião e evangelho. Na época de Jesus os religiosos interpretavam erroneamente o espírito da Lei e a reduziam a mandamentos humanos e morais. Mas Jesus vem para dar a correta interpretação do espírito da Lei dentro do coração do homem, todo cumprimento da Lei através de sua vida obediente e morte vicária na cruz; e, ainda, vem para dar o verdadeiro ensino dos mandamentos de Deus.
Assim, podemos perceber algumas verdades sobre a diferença entre religião e o evangelho de Jesus:

1. Toda religião ensina que devo obedecer a Deus para merecer a salvação. Mas o evangelho de Jesus ensina que sou um pecador salvo pela graça para ser viver em santificação obedecendo a Deus por sua graça.

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2:8 e 9)

2. Toda religião acrescenta mandamentos humanos aos ensinamentos de Deus para julgar, condenar e destruir. Mas o evangelho de Jesus é a palavra viva de Deus para a salvação de todo aquele que é aproximado de Jesus.

“...Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los.” (Mt 23:3, 4)

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu julgo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu julgo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11:28-30)

Por isso que Paulo disse que o evangelho “ é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê...” (Rm 1:16)

3. Toda religião destrói a vida para priorizar a obediência ao mandamento humano. Mas o evangelho de Jesus produz vida como obediência a palavra de Deus.

“Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu teve piedade dele...Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo’”. (Lc 10:31,32, 33, 36, 37)

“Naquela ocasião Jesus passou pelas lavouras de cereal no sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram a colher espigas para comê-las. Os fariseus, vendo aquilo, lhe disseram: ‘Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido no sábado’. 
Ele respondeu: ‘Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e junto com os seus companheiros, comeu os pães da Presença, o que não lhes era permitido fazer, mas apenas aos sacerdotes. Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa? Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo. Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ’Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes. Pois o Filho do homem é Senhor do sábado”.

Saindo daquele lugar, dirigiu-se à sinagoga deles, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. Procurando um motivo para acusar Jesus, eles lhe perguntaram: ‘É permitido curar no sábado’?

Ele lhes respondeu: ‘Qual de vocês, se tiver uma ovelha e ela cair num buraco no sábado, não irá pega-la e tira-la de lá? Quando mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é permitido fazer o bem no sábado’.

Então ele disse ao homem: ‘Estenda a mão’. Ele a estendeu, e ela foi restaurada, e ficou boa como a outra.” (Mt12:1-14)

4. Toda religião diminui os mandamentos de Deus a moralidade hipócrita da reputação exterior. Mas o evangelho de Jesus desnuda o coração pecador do homem para transformá-lo de dentro para fora e cultivar uma espiritualidade transparente com sanidade e santidade.

“Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens... Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados; bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês; por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade”. (Mt 23:27 e 28)

“E continuou: ‘O que sai do homem é que o torna impuro. Pois do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro’”. (Mc 7:20-23)

5. Toda religião ensina a obediência motivada por medo, culpa, castigo e prêmio. Mas o evangelho de Jesus ensina a obediência motivada pelo amor livre e incondicional.

“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos...Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele...Vocês serão meus amigos, se fizerem o que lhes ordeno.” (Jo 14:15, 21 e 15:14)

Pense nisso!
Em Cristo, o evangelho da graça

Jairo Filho

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O guru, o gato e a religiosidade

 Havia um guru religioso que meditava todo dia debaixo de uma árvore juntamente com seus discípulos e depois saiam para servir os pobres. Quando a meditação era iniciada o gato de estimação do guru dava seus miados e pulos com muitas travessuras, atrapalhando a cerimônia religiosa.

Certo dia, o guru teve a idéia de amarrar o gato na árvore enquanto faziam a meditação para que não fossem incomodados e assim pudesse meditar em paz e servir aos pobres com mais tranqüilidade. Com o passar do tempo, o guru decidiu fazer uma escala para que cada um de seus discípulos amarrasse o gato em toda meditação. E assim, os anos se passaram e a cena se repetia até que o velho guru faleceu.

Mesmo após a morte do guru, os discípulos entenderam que deveriam preservaram o hábito de amarrar o gato toda vez que havia a meditação, pois esta, presumiram os discípulos, era a vontade do seu grande guru religioso. E assim, criaram uma regra: Só é permitido e possível fazer meditação amarrando o gato na árvore. Quem não amarrar o gato, não poderá fazer a meditação. E essa regra foi sendo passada e obedecida por muitos discípulos.

Um dia o gato do guru morreu. E com isso, trouxeram outro gato e o amarraram para fazer a meditação, já que a meditação só é possível e permitida se houver um gato amarrado. Durante séculos, gerações e gerações de discípulos foram se multiplicando, preservando e transferindo a idéia da meditação com o gato amarrado. E concluíram que só é possível acontecer uma boa meditação se o gato estiver perto. Essa idéia evoluiu e concluíram que o gato era sagrado para a meditação, elevando-o ao status de divindade.

Com o passar do tempo, muitos começaram a escrever livros sagrados e confissões de fé sobre o gato e a meditação. A partir disso, foram criados debates sobre a relação do gato com a meditação. E chegaram a conclusão de que o gato era um deus. Assim, o gato se tornou a principal figura da religiosidade desse povo com direito a imagem de escultura e adoração com o povo prostrado em torno do gato.

Com isso, houve uma explosão de crescimento numérico de religiosos adoradores do deus gato e surgiram várias facções brigando entre si, discutindo qual era a raça correta do gato sagrado, qual a corda sagrada que deveria amarrar o gato e qual a espécie de árvore deveria servir para amarrar o gato. Essas questões produziram ideologias, partidos políticos e guerras religiosas em nome do deus gato. E assim, ninguém mais teve tempo para meditar e servir aos pobres.

Isso é religiosidade.

Qualquer semelhança com Cristo e o cristianismo não é mera coincidência.

Em Cristo, que nunca inventou o  "cristianismo" nem é "evangélico"

Jairo Filho

O reitor e o maltrapilho

Eis aqui a história do reitor da maior universidade do mundo. Ele está acima de qualquer suspeita por ser o mais conceituado, sábio, justo, irrepreensível e amoroso reitor de todos os tempos. É conhecido como um mestre por excelência – sua metodologia pedagógica é regeneradora e metamórfica. É conhecido por transformar indivíduos anônimos em pessoas conhecidas, maltrapilhos ambulantes em doutores do saber e da vida. Ele é o reitor da Universidade da Vida.

Essa universidade é muito concorrida. Todos querem matricular-se para viver nela. Muitos estudiosos tentam entrar por meio de todo tipo de esforço próprio. Fazem grupos de estudos rigorosos, são disciplinados, inteligentes, dominam o saber, buscam conhecimento o tempo todo. Muitos desses nerds, com sua suposta sabedoria, ofenderam o Reitor quando se intitularam mais sábios do que ele, se rebelando contra sua vontade e achando conhecedores do bem e do mal. Esses peritos do saber do bem e do mal sempre são reprovados no vestibular. Com isso, ninguém jamais consegue ser aprovado. A cada reprovação, uma decepção, um mistério a ser desvendado e um grito de injustiça é engolido seco pelos nerd's reprovados. Assim, ninguém consegue por si mesmo passar na Universidade da Vida para estudar aos pés do reitor, mestre da vida, mesmo que passem a vida toda estudando.
Pois, é impossível alcançar o alto índice de sabedoria do Reitor e ser aprovado em todas as perguntas com sua própria sabedoria. Enfim, ninguém consegue ser aprovado no vestibular por meio de seu próprio esforço acadêmico, nem seu currículo escolar, nem com sua própria sabedoria.
 

Mas um dia aconteceu algo absurdo e sem lógica. O amoroso reitor se revela: Sai de sua sala à procura de novos alunos. Para o espanto de todos, ele passa a conviver no meio de pobres, mendigos, analfabetos, marginais, ignorantes e loucos, a fim de matriculá-los na sua universidade da vida.

Ao sair de sua sala, o mestre dos mestres encontra um cenário de ignorância intelectual, violência lingüística, analfabetismo moral e pobreza de espírito. Sua compaixão se manifesta enquanto vê e toca em pessoas alienadas do saber. E decide matricular todos os loucos e analfabetos em sua universidade, por amor de seu nome. Mas, a partir dessa decisão, surge um dilema: Somente poderia entrar na Universidade da Vida quem passou merecidamente no seu vestibular. E isto é justo. É justiça. E agora, como fazer justiça?

O reitor, então, chama seu único filho e o desafia a estudar muito, no lugar de todos aqueles pobres de espírito. Seu filho, voluntariamente por amor ao seu pai e aos analfabetos maltrapilhos e débil mentais, começa sua jornada de estudos diários durante 33 longos anos de muito sofrimento mental e renúncia, solucionando problemas complicados e quase delirando nos labirintos do saber.

Até que chega o grande dia do vestibular. A concorrência é grande. Muitos chegam animados ao local da prova. Dentre a concorrência existem nerds, PhD’s e uma forte torcida contra o filho do reitor. Todos eles com inveja, reclamando seus direitos perante suposta injustiça.

O cartão de inscrição do vestibular do filho do reitor indica o prédio Calvário e a carteira com o formato de cruz como sendo o lugar para fazer tão terrível prova. Após longas horas de sofrimento mental, emocional e espiritual, o filho do Reitor conclui a prova, mas seu corpo se esgota, ultrapassando seus limites. Três dias depois, sai à lista dos aprovados. Todos correm ansiosos pra ver o resultado. Mas, para o espanto de todos, o único que foi aprovado com nota máxima foi o filho do reitor.

Após a aprovação de seu filho, o reitor vai ao encontro dos analfabetos e ignorantes. De uma maneira especial encontra um maltrapilho sujo, imoral, com sérias debilidades mentais, analfabeto e entrega o diploma de doutorado da Universidade da Vida. Esse maltrapilho, sem entender nada, olha pra si mesmo e diz que não merece tal diploma porque não estudou nada e nunca teria condições de passar nesse vestibular. O reitor, com um olhar de amor e justiça, diz que esse diploma foi conquistado pelo seu único filho quando foi aprovado no calvário, em seu lugar. O Reitor diz que este diploma é do seu filho, mas que está sendo entregue a todos aqueles que reconhecem que nunca poderão passar no vestibular por si mesmos. O reitor diz: “Agora, maltrapilho, torna-te o que tu és: um doutor. Você tem a vida toda para se tornar no doutor que você já é.” Então, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração constrangido, aquele maltrapilho, confiando na suficiência da aprovação do filho do reitor como único e suficiente meio para entrar na Universidade da Vida, recebe o diploma e responde ao convite para matricular-se na Universidade da Vida.

A partir daí, o reitor e o maltrapilho começam a andar juntos e acontece a grande transformação. As aulas transformam o maltrapilho num ser humano digno e decente, com sede do conhecimento e amor pelo reitor. Enquanto passa a vida aprendendo, aquele homem maltrapilho sempre se lembra de que sua identidade foi marcada pelo reitor. Em resposta a essa bolsa de estudo e ao diploma recebido, o maltrapilho se dedica ao máximo para se tornar no que já é: um doutor.

Assim é o evangelho da graça de Deus. O diploma da salvação é conquistado unicamente por Jesus no vestibular da cruz. É dado imerecidamente para os maltrapilhos analfabetos e recebido com fé para transformá-los a cada dia no que já são: PhD salvos e santos. Receba a graça da salvação e durante toda a tua vida, torna-te o que tu és.

Em Cristo, o Reitor-Filho, o Filho-Reitor
Jairo Filho, o doutor-maltrapilho, o maltrapilho-doutor.

Qual a sua religião?


Sua religião pode ser qualquer uma, todas, inclusive nenhuma; ou sua religião pode ser você mesmo, ou o outro, ou qualquer Outro. Mas o que é religião? Religião é re-ligação. É a iniciativa humana de se relacionar com alguma divindade por meio de conjuntos institucionalizados de discursos e práticas, onde há dependência e obrigação do fiel ao ser adorado. Este conceito revela que os bastidores de toda religião tem a mesma lógica: o fiel obedece e cumpre suas obrigações para receber do seu deus recompensas merecidas e equivalentes ao sacrifício religioso. Assim, o conceito de religião abre espaço para a barganha. Ou seja: toda religião é um negócio onde as partes estão comprometidas pelas algemas do contrato: o fiel obedece e a tal divindade recompensa. Se o fiel desobedecer é castigado. Se o tal deus falhar na premiação é abandonado. Isso quer dizer que nada é de graça na religião. Porque toda religião está baseada na relação de compra e venda de benção e na lógica da retribuição de recompensa e punição por meio de méritos e deméritos morais e espirituais do crente.


É nesse cenário que o Evangelho de Jesus surge como a contra cultura da religião, quando a imerecida graça de Deus, doada aos pecadores, destrói a lógica da justiça religiosa da barganha. O contexto religioso do mundo antigo, até então, só ensinava a religiosidade: Você tem que obedecer para merecer a salvação. Mas surge, em Cristo Jesus, a mais espetacular boa notícia que o mundo precisava conhecer: Você é salvo imerecidamente pela graça para obedecer por amor livre e incondicional. Este é o evangelho: a boa notícia.

Mas é trágico diagnosticar que a boa notícia ainda não foi bem compreendida entre nós. Até mesmo aqueles que dizem crer no Evangelho (sobre)vivem nos moldes da religiosidade. Quando aderimos à lógica da retribuição sempre surge orgulho no coração de quem se sacrifica obedecendo e, culpa e medo em quem falha nos seus cumprimentos religiosos; e chantagem em ambas as partes. E o pior é quando a premiação prometida não chega, o fiel se decepciona com Deus, e ameaça abandoná-lo acusando-o no "PROCON celestial" por quebrar o contrato utilitarista que o crente criou. 

Uma vez que religião é re-ligação, isso significa que o pecado desligou Deus do homem; e agora o homem tenta se re-ligar a Deus por si mesmo. Mas a natureza pecaminosa do homem é incapaz e impossibilitada de se chegar a Deus por si só (Rm 3:10 e 23). Ou seja, o homem não tem desejo, iniciativa, meios nem méritos para se reconciliar com Deus por si só. Até mesmo suas motivações para buscar a Deus revelam intenções erradas e malignas. Assim, não há nada que uma pessoa possa fazer para conquistar e merecer a presença, o relacionamento e o favor de Deus.

Mas há a boa notícia: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é único, incomparável e irrepetível. Ele não pode ser comprado pelas nossas boas obras, manipulado pelo nosso contrato chantagista nem divide sua glória com os méritos de ninguém. Pois a obra da cruz de Cristo é a plena manifestação da graça de Deus (Ef 2:8, 9). Isso implica que todo aquele que está em Cristo não precisa ter medo da ira de Deus nem precisa mais barganhar com Deus para alcançar o seu favor imerecidamente gratuito (Rm 8:1 e 32). A cruz de Cristo é a garantia da continua generosidade de Deus em ser e estar do nosso lado nos doando milagres de graça.

A boa notícia da graça de Deus nos liberta da relação de troca que gera orgulho, culpa e medo para nos doar graça, humildade, justificação e paz. De quem obedece a Deus para fugir da sua ira e conquistar meritoriamente a salvação e suas bênçãos; somos agora, aqueles que, com a verdade do Evangelho, recebem imerecidamente a salvação e todos os milagres gerados em torno da cruz de Cristo (Rm 8:32).

Diante disso, só nos resta abandonar toda e qualquer religisiodade de barganhas para responder positivamente ao evangelho da graça de Deus com gratidão, consagração, obediência e santidade; fazendo a vontade de Deus por amor livre e incondicional, porque ela alcançou e converteu o nosso coração (Ef 2:10).

Em Cristo, que nos libertou das trevas da religião para vivermos livres na maravilhosa luz do Evangelho da graça de Deus.

Jairo Filho

Fé e Obras


"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se orgulhe. Pois fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas por Deus para que andássemos nelas".  
Efésios 2:8-10 (Versão Almeida século 21)

"Meus irmãos, que vantagem há se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiverem necessitados de roupas e do alimento de cada dia, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos, e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que vantagem há nisso? Assim também a fé por si mesma é morta, se não tiver obras".  

Tiago 2:14-17 (Versão Almeida século 21)

Repito e tornarei sempre a repetir quando for necessário: Toda religião ensina que devemos fazer boas obras para ser salvo. Mas o evangelho ensina que somos salvos pela graça para fazermos boas obras que evidenciam nossa salvação.

Infelizmente isso não tem sido entendido pelos evangélicos. De um lado, temos aqueles religiosos extremados: Fazem muitas boas obras de caridade na esperança de serem perdoados de seus pecados e garantirem seu terreno no paraíso eterno. E de outro lado, aqueles que dizem que são salvos pela graça, mas não fazem nada para evidenciarem sua salvação, regeneração, conversão e que são discípulos de Cristo para o mundo.

Os dois textos citados são claros e acabam com esses extremos da religião: Pela graça somos salvos; e por isso, fomos criados em Cristo Jesus para fazer boas obras. Sendo assim, aquele que diz ter fé e não a evidencia pelas suas boas obras, essa fé está morta. Este nunca foi salvo. E aquele que diz que contribui para comprar a salvação, anula a graça da cruz de Cristo, nunca foi salvo de si mesmo nem contribui com generosidade incondicional; mas sim, faz doações com segundas intenções, a saber, ganhar créditos no céu para ser salvo.

Aplicando esses textos a tudo o que estamos sabendo sobre a trágicas enchentes no estado de Santa Catarina em novembro de 2008 e em Pernambuco e Alagoas em junho de 2010, não podemos cruzar os braços na inércia, exclusivamente dobrar os nossos joelhos e orar com fé, despedindo nossos irmãos alagados dizendo: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”. Nem muito menos podemos dizer: “Vamos todos fazer caridade para que Deus no dê sua vida eterna”. Nem muito menos jogar esse sofrimento humano para a “espiritosfera” e fabricar uma batalha espiritual ilusória, dando gritos de ordem contra os demônios das tempestades, nem soltar verbos imperativos aos quatro ventos contra o demônio dos alagamentos. Não podemos fazer isso de braços cruzados, como sublimação dos demônios da indiferença que estão possuindo o coração de muitos religiosos evangélicos que preferem subir nos trio-elétricos na marcha ré do evangelho e soltar suas vozes nos púlpitos e palcos dos shows gospel a estender a mão e levantar os caídos e desesperados. Acredito que tem muitos evangélicos dizendo uma coisa ou outra; ou todas elas.



Também, essa não é a hora de fazer uma teodisséia acerca das chuvas, alagamentos, desabamentos, desabrigados e mortes. Fazendo uma teodisséia ou não, o sofrimento humano estará sempre inserido em nosso planeta. Essa não é a hora de ficar na arquibancada analisando o que acontece no campo alagado da vida, nem se esconder nas salas de ar-condicionado escrevendo sobre tragédias, nem muito menos ser inflamado pela verborragia hipócrita do discurso do “faça o que digo, mas não faça o que faço”.

Na verdade, essa é a hora de enxergarmos Jesus no rosto do oprimido e encorajá-lo, na vida do desabrigado e acolhê-lo, naquele que está nú e vestí-lo, nos que tem fome e alimentá-los; enfim, servir às pessoas servindo a Cristo, para que “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está no céu.” Mt 5:16.

A comunidade presbiteriana (IPB) onde convivo já arregaçou as mangas, contribuiu e está contribuindo com os desabrigados desses estados. Espero que a motivação da contribuição não seja para merecer a salvação nem para criar um ringue de competições e comparações para saber quem dá mais no leilão da justiça própria; mas sim, doar porque já somos salvos pela graça; e por isso, somos chamados para contribuir pela graça de Deus com os necessitados.

Em Cristo, que nos ensinou a graça de doar doando

Jairo Filho - escrito em novembro de 2008 e atualizado em  agosto de 2010.
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