sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Do útero à sepultura e da sepultura ao útero


Todos nós temos uma grande certeza na vida: Nascemos de um lugar escuro - o útero materno - em meio a lágrimas e sangue; e, qualquer dia desses, nós morreremos e iremos para um outro lugar escuro - a sepultura - também em meio a lágrimas e sangue. O intervalo entre o útero e a sepultura é o espaço-temporal da história de nossas vidas. Olhando desse jeito para nossa existência efêmera, não podemos impedir chegar às perguntas: Por que vivemos? Qual o sentido para acordar e viver todos os dias? Nossa alma precisa saber o sentido de viver nesse mundo para continuar vivendo. Será que você está buscando uma razão maior para viver? Como vivemos do útero à sepultura?

Parece que a existência da grande maioria de nós é igualmente cíclica. Para muitos, o sentido da vida se resume num ciclo de nascimento, brincadeiras na infância, estudo, trabalho, namoro, casamento, filhos, família e morte. Outros seguem um estilo de vida parecido: comem, bebem, trabalham, fazem muitos amigos, buscam eventuais sensações de prazer, ficam realizados; e, no fim, tudo se acaba. Outros, mais idealistas, encontram o sentido da vida no ciclo insaciável de sonhar, planejar, lutar e realizar. Depois de realizar o que sonharam se encontram com o sentimento de que “não era bem isso que eu queria” ou “já realizei. E agora? O que eu faço mais pra continuar vivendo?” Oscar Wilde tinha razão quando afirmou que “neste mundo só há duas tragédias – uma é não conseguir o que se quer, a outra é conseguir”. Este é o retrato da insaciavel alma humana. Será que a vida se resume nas expectativas desses ciclos? Ou será que a vida tem algo mais?

Andando pela vida, percebemos pessoas que vivem apenas a rotina de uma mesma sucessão de dias sem destino nem propósito. São vidas vazias, enfadonhas, depressivas que trabalham arduamente durante a semana, ansiosas pela chegada do fim de semana ou feriados para gastar o que ganharam no trabalho curtindo picos de prazeres momentâneos. O pior é que a frustração e a insatisfação chegam em noites mal dormidas do domingo, porque nenhuma aventura alucinante tão esperada aconteceu, ou porque o que aconteceu não era bem aquilo que queria que acontecesse. E quando a semana começa, com ela vem mais uma expectativa para um novo fim de semana. Para estes, o propósito da vida se resume nas aventuras e realizações dos prazerosos fins de semana da vida. Para esse tipo de gente, a vida é infeliz não porque derramam lágrimas sem cessar, mas porque buscam anestesiar a dor do vazio existencial tentando satisfazer suas vidas com prazeres insaciáveis. Essas pessoas usam a máscara da alegria no grande público durante a semana, mas quando se encontram sozinhas em sua privacidade tem que admitir que tudo o o que vivem não passa de dramatização e ilusão.

É importante notar que o hedonismo curtido nos fins de semana da vida nos aliena da luta por justiça social, afasta para bem longe a idéia da doença e da morte, nos dá a impressão de que somos super homens com vida eterna aqui na terra, resume a vida numa constante celebração do funeral dos sonhos e do sentido da vida e nos traz a idéia de que estamos sozinhos e abandonados aos caprichos do destino sem nenhuma intervenção divina. A paixão narcisita pelo próprio corpo sarado e emplastificado, as baladas de fim de semana, o sexo superficial e descartável, o consumo de drogas, o vício da auto realização e bem estar, o ateísmo e o sincretismo religioso, e ainda, o consumismo capitalista nos oferecem essa impressão. Quanto mais malham e emplastificam o corpo, mais ficam insatisfeitos com o próprio corpo. Quanto mais festejam a vida, mais se enterram numa depressão existencial. Quanto mais orgasmos sentem, mais sozinhos e carentes de coração vivem. Quanto mais adrenalina e endorfina experimentam, mais ficam viciados numa droga de vida. Quanto mais céticos e religiosos são, mais certeza tem de que sua peregrinação existencial e espiritual caminha perdida e cheia de dúvidas, medo, culpa e preconceito. Quanto mais sonham, realizam e compram, mais insatisfeitos, pobres e vazios ficam. E a sensação que se tem é que do útero à sepultura tudo é inútil e em vão. É como nascer para correr atrás do vento e morrer de mãos e corações vazios. Mas será que a vida se resume a isso, ou existe um outro estilo de vida com sentido?

A Palavra de Deus, revelada nas sagradas escrituras judáico-cristã, intrepreta essa vida enfadonha, depressiva, inútil, hedonista e sem Deus como conseqüência da culpa do pecado do homem que o separou de Deus (Romanos 3.23). É por isso que do útero a sepultura a vida é sem sentido, vazia e sem destino certo. As pessoas sem Deus vivem seu estilo de vida como rebelião contra Deus, vivem uma inimizade contra Deus (Colossenses 1. 21 e Efésios 4.17), sentem um prazer ímpio de desobedecer a vontade de Deus (Romanos 1. 29-32) e, como conseqüência, andam pela vida mortas e enterradas na sepultura de seu próprio pecado (Efésios 2.1). O homem cometeu um suicídio existencial quando decidiu viver independente de Deus (Romanos 6.23.). Porque fomos criados por Deus para viver em Deus e não sem Deus. Por isso que não há vida sem Deus. Quando o homem decide viver sem ter um relacionamento com Deus, ele se perde na sua própria existência e morre sem Deus, vivendo do últero a seputura uma vida mesquinha, sem sentido, sem esperança e sem vida.

Mas a Palavra de Deus tambem nos apresenta Jesus Cristo como a único sentido para vida, sendo ele a nossa nova vida (Filipenses 1.21) e a nossa única esperança para viver aqui e agora e lá e além por toda eternidade. Quando lemos a Biblia, encontramos a boa notícia do favor imerecido de Deus que nos ressuscita da sepultura de nossos pecados (Efésios 2.4-6) e nos faz uma nova criação (I Coríntios 5.17). Ou seja, a cruz de Cristo é a prova do amor de Deus pelos pecadores (Romanos 5.8) como ato de reconciliação (Colossenses 1.22 e Romanos 5.10 e 11), perdão dos pecados (Romanos 5.1), salvação eterna e novo estilo de vida de obediência por meio de Cristo. Quando chegamos ao pé da cruz de Cristo, nosso coração é convertido pela graça de Deus, através da fé em Jesus e arrependimento dos nossos pecados. Pela fé, Jesus Cristo passa a ser reconhecido como único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. A partir dessa entrega, caminhamos para um novo estilo de vida onde valorizamos um relacionamento íntimo de amor com Deus por meio de Jesus Cristo, obedecemos a Deus de coração, recebemos a nova vida em Cristo por meio da fé, encontramos sentido e propósito para viver por Cristo e em Cristo (I Coríntios 5.14, 15), recebemos segurança de vida eterna com Deus (João 3.16), e recebemos a missão de viver a vida de Jesus entre as pessoas que convivemos (Atos 1.8). Assim, um relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo é o único jeito de viver capaz de preencher o vazio do coração daqueles que vivem nessa enfadonha sucessão de dias sem sentido nem propósito.

Quando Jesus entra em nosso coração, sentimos arrependimento pelos nossos pecados. Ou seja, o arrependimento provoca em nós uma mudança de mente, uma expansão de consciência, uma redefinição de nossos valores e prioridades, uma visão de mundo pela perspectiva de Deus, novos sentimentos, desejos, vontades, disposição, atitudes e comportamentos, uma mudança e abandono da rota do pecado para dar um giro de 180º em direção ao caminho da vida com Deus. E essa transformação do ser acontece por um processo gradual e continuo pela resto da vida na formação do caráter de Cristo em nós. Ou seja, de uma vida que valoriza a estética de um corpo sarado, em Cristo, passamos a valorizar o caráter das pessoas. De uma cosmovisão que busca exclusivamente realização individual, em Cristo, passamos a buscar justiça social. De múltiplos orgasmos pornográficos, superficiais e descartáveis, em Cristo, passamos a fazer sexo no casamento com amor e fidelidade. De corpos viciados em plásticas, regimes e na tirania da estética da moda, em Cristo, passamos a desfrutar da beleza do amor de Deus e da vida simples com as pessoas que amamos. De um consumismo desenfreado, em Cristo, passamos a viver contentes e satisfeitos em toda e qualquer situação (Filipenses 4.11-13), porque Deus é o nosso bem maior. De uma vida alienada e anestesiada pelo êxtase dos entretenimentos e hedonismos dos fins de semana da vida como fuga da realidade, em Cristo, passamos a desfrutar de todos os momentos rotineiros de nossa vida com sentido, saboreando cada detalhe da vida em pedaços deliciosos de se viver um banquete com Deus, mesmo estando no vale da sombra da morte (Salmo 23). De uma vida enterrada no vício de uma vida de droga e de uma droga de vida, em Cristo, passamos a viver libertos pela verdade (João 8.32) de uma vida em abundância (João 10.10b) da presença do amor de Deus. E de uma vida deprimida no tédio ocioso existencial, em Cristo, passamos a ter o propósito de viver em prol do Reino de Deus a serviço das pessoas. Essa é a nova vida que Deus nos oferece, em Cristo, que nos resgata da sepultura do pecado para renascer do útero de Deus.

Deus te chama da sepultura do pecado para renascer no útero de Deus. Somente em Cristo, rebemos a nova vida de desfrutar de um relacionamento íntimo de amor com Deus. Assim, se você quer se encontrar consigo mesmo, viver contente em todas as situações e circunstâncias reais da vida, encontrar o sentido de acordar todos os dias, acorde antes para encontrar o lugar do relacionamento de Deus na sua vida antes que seja tarde demais. Saia do sepultura do pecado e venha renascer do útero de Deus pela fé em Jesus Cristo. E seja perdoado para desfrutar da amizade de Jesus Cristo e viver a vida em abundância de obediência a santa vontade de Deus.

Em Cristo, o sentido da nossa vida

Jairo Filho - (Escrito na primavera de 2006)

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