sábado, 28 de agosto de 2010

Espiritualidade (des)encarnada

 Certa vez, um pastor estava tão concentrado, orando e preparando estudos bíblicos para a igreja, que não escutou seu filho pequeno chorar no quarto ao lado. Mas o avô ouviu, desceu as escadas, pegou o bebê no colo e ninou-o até que voltasse a dormir.

Então, o avô aproximou-se de seu filho pastor, ainda imerso nos livros, e perguntou: - Meu filho, o que você está fazendo?

O Pastor responde: - Pai, estou meditando nas Escrituras e preparando estudos bíblicos.

O avô sabiamente respondeu: - Não sei o que você está estudando, mas se o deixa surdo ao choro de uma criança, não é a Bíblia que você lê e estuda.

Viver a vida da cristã é ouvir o lamento silente dos aflitos, solitários, marginalizados, pobres, doentes, impotentes - e responder com a compaixão que gera a ação do socorro.

Isso nos faz cantar o que o João Alexandre lamentou na música "Em Nome da Justiça": "Enquanto se canta e se dança de olhos fechados, tem gente morrendo de fome por todos os lados. O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive, não. Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive".

Assim, vale repensar: A experiência espiritual dos estudos teológicos e o trabalho ministerial devem ser feitos de joelhos diante do Pai nosso que está nos céus, com olhos abertos para a vida real, com os ouvidos atentos para ouvir o clamor do próximo, com a mão estendida para servir os necessitados, e com todo corpo encarnado nesse mundo.

Em Cristo, que encarnou-se entre nós para priorizar as pessoas na sua agenda ministerial.

Jairo Filho

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