sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Parte 2 - Porque eu vou à igreja


Apesar de observarmos os templos cheios de multidões, nem sempre podemos concluir que as pessoas se reúnem para cultuar a Deus com as motivações e intenções verdadeiramente bíblicas. Nessa parte vamos observar e avaliar as mais diversas motivações distorcidas e enganosas que nos levam ir à igreja. Vejamos 10 argumentos:

1. Eu vou à igreja porque sempre fui à igreja. A maioria das pessoas vai à igreja por causa da tradição familiar. Alguns pensam: “Se todo mundo vai, eu também vou. Se todo mundo vai, então eu devo ir à igreja porque é correto”. Essas pessoas foram ensinadas desde sempre a freqüentar a igreja e nunca questionaram as motivações e as necessidades de ir à igreja. Geralmente, essas pessoas são freqüentadoras assíduas e raramente faltam aos cultos. Essas pessoas estão tão acostumadas a ir à igreja que o dia de culto se tornou sagrado e sua ida à igreja é automática e mecânica. São pessoas que jamais pensam em sair da igreja, porque tal suposição é quebrar toda a tradição religiosa prendida e herdada pela famíla. Mas, quando são questionadas sobre os motivos bíblicos para ir à igreja, essas pessoas não sabem responder os motivos pelos quais os levam a sair de casa para se reunir no culto público.

2. Eu vou à igreja para preservar minha reputação religiosa. Reputação é o que eu sou quando todo mundo está me olhando. É aquilo que dizem acerca de mim. É a imagem que construo acerca do meu nome. É a fama que recebo dos que me observam. Sendo assim, alguns vão à igreja para preservar a imagem de que são freqüentadores assíduos dos cultos na igreja. E essa freqüência à igreja é o que define sua identidade religiosa. Geralmente, quando pensam em faltar o culto dizem: “O que vão pensar de mim se souberem que faltei o culto nessa semana?” Assim, para preservar seu status religioso fazem de tudo para não faltar os cultos na igreja, pois o que impede a ausência ao culto é a preocupação com a opinião dos outros. Se ninguém criticasse, acredito que muitos não iriam à igreja. 

3. Eu vou à igreja para fazer publicidade espiritual. O culto na igreja se torna uma passarela para o desfile da performance religiosa. O tom das orações, os gestuais, as expressões do corpo, as roupas, os elogios, os jargões eloqüentes do "evangeliquês", os aplausos são demonstrações da exibição pública de uma espiritualidade "ego-látrica". Pessoas vão à igreja para transformar o culto numa olimpíada religiosa para marcar recordes e alcançar rankings de espiritualidade. O culto se torna uma competição de egos famintos por glória. Tem gente que vai a Escola Bíblia para transformá-la num ringue quando promove debates bíblicos e teológicos irrelevantes e abstratos. Tem gente que vai ao culto de oração para fazer seu show da fé ser visto pela mídia religiosa. Tem gente que vai ao culto de louvor para publicar suas coreografias decoradas e hipócritas através dos gestuais piedosos e expressões corporais angelicais. Geralmente, as pessoas que tem essas posturas usam o culto na igreja como ambiente para expressarem suas mais íntimas e inconscientes carências de elogios.

 4. Eu vou à igreja porque eu tenho um cargo na igreja. Tem gente que é motivada a ir à igreja por causa dos cargos na igreja. Quando há eleição para um cargo na igreja, a assiduidade ao culto aumenta para a sua campanha política. Quando já foi eleito, a pessoa vai à igreja porque é obrigada a cumprir com suas responsabilidades ministeriais a qual foi eleito. Há momentos que se não houvesse cargo na igreja, a pessoa não iria. Assim, há muitos que estão dentro do culto pela obrigação dos ossos do ofício ministerial, mas estão emocionalmente e espiritualmente longes do culto.

5.  Eu vou à igreja para ser salvo. Acredito que esse é um dos maiores motivos de tantos templos estarem cheios. As igrejas estão lotadas de gente cheia de justiça própria, querendo conquistar e comprar a salvação pela sua assiduidade ao culto. Apesar de saber que a salvação é pela graça, mediante a fé, muitos ainda internalizam e vivenciam a fé de que fora da igreja templo não há salvação. Assim, permanecem dentro do templo cultuando para não perder a salvação lá fora, como se a garantia da salvação estivesse na geografia do espaço sagrado do templo.  
  
6. Eu vou à igreja para ser abençoado. A palavra benção se tornou sinônimo de lucro, bens materiais, vantagem, prêmio. Aqui surge a assiduidade à igreja como barganha. Alguns pensam: “Vou à igreja tantas semanas para conquistar a benção que tanto desejo”. Após receberem a benção esperada, saem da igreja; e só voltam outra vez quando estão novamente em extrema necessidade. Quando são abençoados, a glória é dada a igreja; pois tem gente que testemunha que sua vida está marcada por antes e depois da freqüência à igreja.  Quando a igreja não oferece a benção desejada, a pessoa sai da igreja ou nunca mais entre nela. Essa motivação fabrica uma geração de ex membros de igreja. É trágico diagnosticar que essa motivação tem produzido portas dos fundos da igreja que expelem mais desviados para fora do que a porta de entrada que recebe novos convertidos para dentro.

7. Eu vou à igreja porque tenho medo do castigo de Deus. O medo produz o combustível para conduzir pessoas à igreja. A imagem que muitos carregam de Deus é a de um deus ditador, tirano e carrasco. Esse deus fabricado pela mentalidade religiosa tem obrigado muita gente a ir à igreja pelo medo do castigo. Dessa forma, muitos pensam: “Se eu não for à igreja, Deus vai me castigar”. Ou ainda concluem: “Estou doente hoje porque faltei o culto da semana passada”. Assim, acredito que se não houvesse castigo do inferno, os templos estariam vazios hoje.

8. Eu vou à igreja para pagar penitência e aliviar a consciência. Para muitos, passar 1 hora dentro do templo é uma grande penitência. Alguns pagam suas promessas das barganhas feitas com Deus indo ao culto no templo. Alguns prometem: “Se Deus fizer esse milagre, eu prometo que irei a tantos cultos”. O resultado é que saem da igreja com a sensação de que estão quites com Deus, que fizeram sua parte, e sentem alívio por estarem desobrigados a fazer mais para Deus. Outros vão à igreja pouquíssimas vezes apenas para manter o vínculo com a tradição religiosa. Ou seja, tem gente que vai à igreja só em casamento, funeral, batismo, santa ceia ou para pedir perdão pelos pecados.

9. Eu vou à igreja quando há culto com entretenimento. Existe um público que só vai à igreja quando o culto tem uma programação especial, atraente, diferente, agradável ao seu paladar litúrgico. Quando há oração, leitura bíblica, adoração, pregação da Palavra de Deus, comunhão dos irmãos, o culto é tachado de chato. Muitos avaliam o culto usando muitos dos critérios de avaliação dos entretenimentos da televisão ou dos grandes eventos seculares; ou ainda, dos critérios de produção empresarial. Quando o culto é parecido com um show e/ou com um programa de televisão, as igrejas lotam; e o sucesso do culto é evidenciado e aplaudido. Dessa forma, a igreja se torna exclusivamente num clube social de entretenimento, ou num parque de diversão, ou numa festa e balada gospel. Além disso, o sucesso de um culto é avaliado pela quantidade de pessoas dentro do templo. Com isso, o culto a Deus é trocado pelo culto ao entretenimento. Ou seja, Deus é reduzido à imagem do entretenimento quando a presença de Deus é simbolizada pelo prazer da diversão, descontração do ambiente e alegria dos crentes clientes. O resultado disso é que a presença de Deus é associada sempre a presença de entretenimento. Se houver entretenimento, Deus está presente e o culto foi uma benção; caso contrário, ninguém vai numa igreja onde o deus entretenimento está ausente. E assim, aquilo que é chamado de culto vira uma baladinha gospel de idolatria ao entretenimento. 

 10. Eu vou à igreja para assistir o culto. A grande maioria das pessoas vai à igreja para ser um telespectador passivo e inerte nos cultos. Assistem calados de braços cruzados toda a programação sem nenhuma reação, envolvimento ou participação. Alguns acreditam que os pastores cultuam a Deus no lugar do povo. E assim, só vão à igreja para ver e ouvir o profissional da religião cultuar no lugar do povo. Isso seria semelhante ao personal trainer praticar exercícios físicos em seu lugar com a exigência que você fique com um corpo sarado sem fazer o menor esforço. Ou, seria semelhante ao professor que deve passar no vestibular no lugar do aluno que nunca estuda. Ou ainda, seria semelhante ao farmacêutico ou médico que devem tomar o remédio no lugar do paciente enfermo com a exigência de curá-lo sem que ele tome o remédio.

Conclusão: É interessante notar que essas motivações enganosas e fora dos padrões bíblicos abrem espaço para meditarmos sobre conceito bíblico de culto e liturgia, religiosidade, justiça própria, identidade e missão da igreja, ministério e nossa visão do caráter de Deus. Agora pergunto a você: Por que você vai a igreja? Qual a motivação que te leva a sair de casa e se reunir no culto a Deus? Pense nisso! E não esqueça: Deus já sabe as tuas respostas. É impossível fingir.

Em Cristo, que é a motivação da igreja a ser igreja reunida

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